“É preciso a saudade para eu
sentir
como sinto - em mim – a presença misteriosa da
vida...”
(Trecho de Presença – Mário
Quintana)
Poema presente
no espetáculo LEVE nas
vozes de Maria
Agrelli e Renata Muniz
O
premiado espetáculo de dança “LEVE”, do Coletivo Lugar Comum, encenado pelas
bailarinas Renata Muniz e Maria Agrelli, poderá ser visto esta semana mais uma
vez no Recife em única apresentação, no Teatro Marco Camarotti, em Santo Amaro,
nesta quinta (04/10), às 16h. A encenação encerra o projeto aprovado pelo
FUNCULTURA que possibilitou diversas apresentações entre os meses de março e
maio no Hermilo e que culmina agora com mais essa, no SESC Santo Amaro. A sessão
desta quinta contará com audiodescrição, proporcionando a tradução
intersemiótica do que está sendo visto em palavras que descrevem objetivamente
os movimentos e a interpretação das meninas, luz, cenário, figurinos, tudo
especialmente e poeticamente pensado para as pessoas com deficiência visual.
Além de um intérprete de LIBRAS que ensaiou todo o texto falado e as letras das
músicas junto com as bailarinas para integrar ao espetáculo a tradução
simultânea na linguagem dos sinais. O trabalho de consultoria e desenvolvimento
do projeto de acessibilidade é da VouVer,
da atriz Andreza Nóbrega e da psicóloga Liliana Tavares, ambas consultoras em
acessibilidade e audiodescritoras.
“LEVE foi o primeiro espetáculo de
dança em Pernambuco a contar com o recurso da audiodescrição, durante uma das
apresentações do Palco Giratório, em 2010. Agora tornou-se o primeiro a realizar
uma temporada inteira com esse pensamento que integra a arte e a acessibilidade
comunicacional com audiodescrição e LIBRAS na concepção de cada uma das sessões
realizadas”, explica Andreza Nóbrega. Ela diz que em teatro já há mais
iniciativas, mas em dança ainda são poucos os grupos que se concentram no
debate. “Mas tudo isso vai mudando aos poucos. A orientação sobre a importância
da acessibilidade ressaltada nos próprios editais, como é o caso do FUNCULTURA,
tem feito os coletivos e artistas planejarem seus espetáculos com essa
prioridade”, completa Liliana Tavares.
“A audiodescrição em dança tem que
dançar com o corpo no palco, porque é movimento”, destaca Andreza com o brilho
nos olhos de quem fala com paixão sobre a sua luta e suas conquistas. Para
Liliana “é um processo muito rico. Cada obra é nova, cada trabalho é único, seja
teatro, ópera, dança, cada espetáculo é único”.
As pessoas com deficiência visual
farão um tour tátil antes do início do espetáculo, complementando as informações
percebidas e agregando ao que é ouvido as texturas, temperaturas, desenhos no
espaço e outras informações do cenário e figurinos das
bailarinas.
Para Maria Agrelli e Renata Muniz,
a experiência deu a chance de perceber a criação a partir de novos olhares, além
da emoção de ver o trabalho artístico tocar cada vez mais pessoas. “Durante a
pesquisa de LEVE vimos que o último sentido que a gente perde quando morre é a
audição e por isso no final, saímos do palco e a música continua tocando e fica
ali, a música e o espaço, por muito tempo. Agora, pensando nas pessoas com
deficiência auditiva e visual enquanto dançamos, o nosso próprio universo ganhou
outras cores e outros sentidos”, diz Maria Agrelli.
Segundo dados do Censo 2000
do IBGE, existe uma média de 148 mil cegos e 166 mil surdos no Brasil, estando
na região Nordeste a maior parcela dessa população (16,8%). Partindo do
pressuposto de que a arte e a cultura são direito de todos e que o acesso
democrático aos bens culturais é fator de identificação social do qual as
pessoas com deficiência visual e auditiva fazem parte, a acessibilidade
comunicacional consiste na eliminação de barreiras que impedem a comunicação. No
Brasil o debate ganhou novos horizontes desde 2000, por meio da promulgação da
Lei Federal nº 10.098 sobre acessibilidade comunicacional e sua regulamentação
em Dezembro de 2004 pelo Decreto Federal 5.296.
LEVE
foi concebido e montado em 2009, reunindo jovens artistas recifenses em um
espetáculo de dança que traz novos conceitos para a cena, promovendo a
integração entre movimento, música, cenário e iluminação. É um espetáculo que proporciona ao
público um ambiente poético e intimista, e comove por tratar de temas tão
recorrentes à condição humana: a morte, as perdas, as saudades. As sensações de
impotência, dor, raiva, angústia, vazio, alívio se mesclam nas cenas, desveladas
pelos corpos das bailarinas e pela atmosfera criada para este trabalho. A
montagem estreou nacionalmente em junho de 2009, com uma trajetória de sucesso e
premiações, incluindo melhor espetáculo júri oficial e popular, trilha sonora,
iluminação, cenografia e bailarina no Prêmio APACEPE de Teatro e Dança de 2010.
Participou do Festival Palco Giratório circulando por 15 estados diferentes, foi
visto em 33 cidades do Brasil. Desde sua estreia já foi assistido por mais de 5
mil pessoas.
LEVE – ÚLTIMA APRESENTAÇÃO
DA TEMPORADA 2012 NO RECIFE
QUANDO?
04 DE
OUTUBRO
ONDE?
TEATRO MARCO
CAMAROTTI
SESC SANTO
AMARO
RUA 13 DE MAIO,
455
FICHA
TÉCNICA (criação)
Concepção,
criação e coreografia:
Maria
Agrelli e Renata Muniz
Assistente
de Coreografia: Liana Gesteira
Consultoria
Artística: Valéria Vicente e Maria Clara Camarotti
Laboratórios
Criativos: Liana Gesteira
Preparação
Vocal: Conrado Falbo
Pesquisa
Teórica e Diário de Criação: Renata Pimentel
Trilha
Sonora Original: Isaar
Iluminação
Criação e Execução: Luciana Raposo
Figurino
Criação: Maria Agrelli
Figurino
Execução: Maria Lima
Cenário
Criação e Design Gráfico: Isabella Aragão e Luciana De
Mari
Cenário
Execução: Isabella Aragão, Luciana De Mari e Martiniano
Almeida
Fotos:
Breno César
FICHA
TÉCNICA (Temporada 2012 com acessibilidade)
Bailarinas:
Maria Agrelli e Renata Muniz
Preparação
Corporal: Luiz Roberto da Silva, Victor Monteiro Ramos
(Pilates)
Operação
de luz: Luciana Raposo e Rodrigo Oliveira
Cenotécnico
e Operador de Som: Almir Negreiros
Produção
Geral: Comum de 3 Produções Artísticas e Carminha Lins
Produção
Executiva: Grão – Comunicação e Cultura (Rute Pajeú)
Assessoria
de Imprensa: Íntegra Cooperativa de Notícias
Projeto
de Acessibilidade Comunicacional: VouVer Acessibilidade
Cultural
Consultoria
em Acessibilidade: Andreza Nóbrega
Roteiro
de audiodescrição: Andreza Nóbrega
Locução
da audiodescrição: Andreza Nóbrega e Liliana Tavares
Intérprete
de Libras: Ernani Ribeiro e Anderson Tavares
Fonte: Coletivo Luga Comum/Silvinha Góes.
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