Caetana
Caxuxa
Divinas
A Duas Companhias, de Livia Falcão e Fabiana Pirro, comemora seus oito
anos com uma temporada popular no Teatro Barreto Júnior, no Pina, reunindo
vários espetáculos do grupo. A programação começa nesta sexta (05/10), às 20h,
com a peça "Divinas". No sábado (06/10), às 16h30 tem "Caxuxa" e às 20h o
espetáculo "Caetana". No domingo (07), mais uma sessão de "Caxuxa" às 16h30 e
outra de "Divinas" às 20h. A entrada é gratuita e essa primeira semana da
temporada é uma parceria da Duas Companhias com a Fundarpe/Governo de
Pernambuco. Na próxima semana o projeto segue em parceria com o Carrefour,
proporcionando mais uma série de apresentações gratuitas ao público de sexta a
domingo.
Nas quintas, 11 e 18 de outubro, às 20h, a Duas Companhias leva ao
Barreto Júnior as leituras dramatizadas dos textos “A Peleja dos mil Anos”, de
Cláudio Ferrario e “Um Paroquiano Inevitável”, de Hermilo Borba Filho. Nas
quartas, 10 e 17 de outubro, pela manhã, a partir das 10h, haverá
aulas-espetáculo abertas para 20 participantes e mais 200 pessoas que poderão
acompanhar como espectadores. Escolas e entidades interessadas em levar grupos
para as apresentações ou para as aulas podem se inscrever pelo email duascias@gmail.com ou pelo telefone
9949.9945.
Além dos espetáculos, leituras dramáticas e aulas-espetáculo, a
“festa” da Duas Companhias apresenta a exposição “Risos da memória”, que ficará
montada no primeiro andar do teatro, com fotos que contam a trajetória do grupo
e as afinidades e afetos reunidos ao longo da caminhada. As fotografias são
assinadas por Daniela Nader, Renata Pires, Fred Jordão, Rodolfo Araújo, Renato
Filho, Roberta Guimarães e Dudu Schneider.
A
Duas Companhias - O
nascimento da Duas Companhias partiu
das atrizes pernambucanas Lívia Falcão e Fabiana Pirro, que tinham vontade de
falar do seu lugar de origem, investigar sua cultura, mergulhar nas suas raízes.
De 2004 a 2010, elas realizaram as montagens de Caetana, com texto e direção de Moncho
Rodriguez (espetáculo visto por mais de 75 mil espectadores e que permanece em
cartaz até hoje), e A Árvore de
Júlia, com direção de Lívia Falcão; lançaram o livro “Uma história do teatro
pernambucano daqui pr'ali e de lá pra cá” e o documentário “Caetana o Filme”;
produziram oficinas e ciclos de leituras dramatizadas; e viajaram pelo Brasil e
pela Europa com o repertório da Companhia.
Em 2011, com o elenco e o time de produção reforçados, a Duas Companhias realizou o pioneiro
projeto “Formação de Mulheres Palhaças em PE” e o “Que Comédia! Ciclo de
Leituras da Commedia Dell'Arte” e estreou mais um espetáculo, Divinas.
Em 2012, a companhia comemora oito anos de vida e trabalho com Caetana e Divinas na estrada, e o nascimento do
musical Caxuxa com o elenco jovem da
trupe.
A poesia e encantamento do espetáculo
Divinas
Divinas, que
poderá ser vista na temporada dos oito anos às sextas e domingos, às 20h, é uma celebração e apresenta em clima
de brincadeira e poesia três figuras contadoras de histórias, na pele das
palhaças Uruba (Fabiana Pirro), Bandeira (Odília Nunes) e Zanoia (Lívia Falcão),
atravessando tempos e geografias diversas numa caminhada sobre a delicadeza e a
força na busca dos sonhos.
Tudo em diálogo
com a música, a poesia popular e a arte do palhaço. A peça foi pensada para ser
livre e poder ser encenada em qualquer espaço, no palco, nas praças, nas ruas...
A montagem já teve uma elogiada
curta temporada no Teatro Barreto Júnior, no Recife e uma participação
comemorada no Festival de Circo do Brasil, incluindo duas apresentações abertas
em praças do Recife e Olinda, além do Janeiro de Grandes Espetáculos e Festival
de Inverno de Garanhuns.
Depois de mais
de um ano de preparação, incluindo a realização de dois ensaios abertos, na
programação do Palco Giratório, onde o público interagiu com as artistas,
tecendo comentários e colaborando também com o processo de criação, Divinas estreou no início de outubro de
2011, no Teatro Barreto Júnior. A
peça tem música ao vivo comandada pelo percussionista Luca Teixeira e trilha
sonora assinada por Beto Lemos. A preparação das atrizes na arte da palhaçaria
para encarar o espetáculo foi feita pela palhaça e atriz Adelvane Néia, de
Campinas. Na equipe de dramaturgia o professor, filósofo e poeta Marcelo
Pelizzoli, o escritor e poeta Samarone Lima e a jornalista, poeta e dançarina
Silvia Góes.
O trabalho de
pesquisa para a encenação de Divinas
começou em 2010, com a orientação de dramaturgia e direção do espanhol Moncho
Rodriguez, que passou quinze dias no Recife num programa de imersão com a equipe
e com a participação de Lívia Falcão, Fabiana Pirro e Luciano Pontes como
atores-pesquisadores. Depois dos primeiros estudos e ensaios abertos, outros
projetos da Duas Companhias foram a razão de um intervalo no trabalho. O retorno
efetivo do processo se deu em abril de 2011 e para dar continuidade ao projeto,
a Duas Companhias convidou a atriz Odília Nunes para dividir o palco com Lívia e
Fabiana. A palhaça Adelvane Néia, de Campinas (SP), foi chamada para conduzir os
improvisos e preparar as três palhaças em cena. Marcelo, Samarone Lima e Silvia
Góes foram convidados para integrar a dramaturgia desta segunda fase de montagem
da peça.
Desde o
princípio a interação entre os artistas e o público guiou o projeto e já em 2010
foram realizados alguns ensaios abertos no Centro Apolo Hermilo. O convite para
o Palco Giratório com a demonstração do processo na última fase de lapidação do
espetáculo foi uma nova oportunidade de dialogar com o público e estudar as
reações ao que vinha sendo proposto em cena.
O trabalho em
conjunto transforma o grupo num grande amálgama de criatividade. A partir das
improvisações das três palhaças, os dramaturgos se inspiraram na elaboração do
texto, que foi levado de volta às palhaças e novamente trabalhado junto com as
figuras. Na construção, Adelvane Néia foi conduzindo como uma maestra os sons da
orquestra. A opção pela presença em cena e ao vivo do percussionista Luca
Teixeira em diálogo com os atrapalhamentos e poesias das três palhaças foi
testada durante os ensaios abertos e afinada para as apresentações que se
seguiram, rendendo elogios de público e crítica.
Divinas dá continuidade ao movimento em busca de
um corpo de mulher no universo do clown, criando uma linguagem própria da
palhaça. A integração de Adelvane Néia ao trabalho de pesquisa de Divinas se deu a partir de novembro de
2010, quando, a convite da Duas Companhias, veio ministrar as aulas do projeto
“Formação de Mulheres Palhaças em Pernambuco”, com a participação de quinze
mulheres do estado.
Caxuxa para crianças de
todas as idades
Um convite à
vida colorida a partir da beleza dos sonhos, vozes que brincam e cantam juntas e
que trazem ao público a força de letras divertidas com frases como: “Tem que
sonhar, porque senão fica chato!” O musical “Caxuxa” estreou em abril deste ano
e invade mais uma vez o palco do Barreto Júnior na temporada de aniversário aos
sábados e domingos, às 16h30.
Toda a
peça se passa numa noite, na qual as crianças, ao invés de dormir, resolvem
sonhar acordadas. “Caxuxa” dramatiza
esses sonhos com muita leveza e alegria, e navega na ideia de que todo ser
humano, de qualquer cor, idade, raça ou crença tem sempre o desejo de, em algum
momento, se sentir outro, metamorfosear-se. Em cena, jogando com a simplicidade e a
criatividade, e corporificando com graça essa criança brincante que há em todo
ser humano, o talento das jovens atrizes Anaíra Mahin, Marina Duarte, Natascha
Falcão e Olga Ferrario é somado à experiência do ator e também diretor deste
espetáculo, Cláudio Ferrario. Juntos, eles vivem intensamente cada
sonho com a certeza de que estes são reais e representam os desejos, a
criatividade e a poesia de qualquer pessoa.
O texto original de “Caxuxa” é de Ronaldo Ciambroni, com adaptação
e músicas de João Falcão. Cenário e figurinos de Fabiana Pirro em parceria com a
equipe. Iluminação de Luciana Raposo. Direção musical de Adriana Milet. As
coreografias foram criadas com a participação de todo o elenco e dos diretores,
com a colaboração da bailarina Silvia Góes, do Coletivo Lugar Comum. A direção
geral é assinada em dupla por Cláudio Ferrário e Lívia
Falcão.
“Caxuxa”, segundo
Lívia, é um musical para todas as idades e conta a história de quatro crianças e
um homem cego que vivem na rua transformando sua realidade através dos sonhos a
cada momento, dando espaço e voz aos “outros” que sempre nos habitam como seres
humanos. “Todos temos o desejo de vez em quando de nos sentirmos outro né?”, diz
Lívia.
Caetana marca o começo dessa
história
A comédia
teatral CAETANA, com Lívia Falcão e Fabiana Pirro, estreou em 2004 numa
apresentação em Garanhuns (terra natal da atriz Lívia Falcão). O espetáculo
dirigido por Moncho Rodriguez e com texto do próprio Moncho em parceria com
Weydson Barros Leal, passou por várias cidades do Nordeste, pelo Sudeste,
Sul, já teve até temporada na Europa, foi indicado ao Prêmio SHELL e reuniu
mais de 50 mil espectadores ao redor do mundo. Na temporada dos oito anos,
CAETANA fica em cartaz aos sábados, às 20h.
“Para mim CAETANA é
sempre um desafio. Benta é a personagem que mais exige da atriz Lívia, em tudo,
voz, corpo, interpretação. É o meu 100%.”, diz Lívia Falcão, que encarna a
divertida rezadeira Benta, arrancando risos e lágrimas da plateia por onde
passa.
Tomando como
base a pesquisa desenvolvida pelo encenador Moncho Rodriguez na procura de novas
linguagens para um teatro de identidade nordestina, a peça trata do tema da moça
CAETANA, inspiração armorialista utilizada pelo dramaturgo Ariano Suassuna em
suas obras e poemas.
CAETANA é a
identidade da morte, aqui interpretada por Fabiana Pirro. Lívia Falcão “encarna”
Benta, uma rezadeira “encomendadora”
de almas que, após indicar o caminho do além a tantas outras, vê-se diante do
seu próprio encontro com a CAETANA. As almas
anteriormente encomendadas por Benta reaparecem para um divertido encontro em
forma de bonecos, articulados e dublados por
Fabiana.
Em 2005, Lívia
Falcão e Fabiana Pirro receberam o Prêmio APACEPE de melhor atriz e atriz
coadjuvante, respectivamente, no projeto “Janeiro de Grandes Espetáculos”. O
prêmio também foi conferido às categorias figurino, maquiagem, produção e ainda o Especial do Júri em Dramaturgia para o encenador
Moncho Rodriguez e o poeta Weydson Barros Leal. O espetáculo também foi
indicado ao Prêmio SHELL, o mais importante do teatro nacional, em três
categorias: melhor atriz (Lívia Falcão), melhor texto (Weydson Barros Leal e
Moncho Rodriguez) e melhor trilha sonora (Narciso
Fernandes).
“A encenação resgata elementos do teatro das tradições populares e
os transforma em linguagens renovadas de contemporaneidade. Um teatro de
celebração, de encantamento e diversão”, destaca Moncho Rodriguez. CAETANA
aparece de forma poética, com muita música e celebrações presentes no imaginário
popular do Nordeste.
A morte passa pelo memorial do imaginário nordestino deixando um
rastro de histórias, mistérios, encantamentos e assombrações que despertam a
curiosidade num universo de fábulas e crendices que terminaram se tornando
íntimos do povo.
O
circo, o desaparecimento, os desafios do amor e da vida, as diferentes formas de
aparições dessa CAETANA estão
presentes no espetáculo, escrito a quatro mãos por Moncho Rodriguez e pelo poeta
Weydson Barros Leal, que marcou com CAETANA a sua estreia na dramaturgia
teatral.
De acordo com
Moncho Rodriguez, que também assina a cenografia e o figurino, a cenografia do
espetáculo propõe a autonomia de mobilidade levando a cena completa para
qualquer lugar onde possa se realizar. Trata-se de uma “máquina teatral”
circense, onde já se incrusta a própria iluminação, o som, os efeitos visuais.
“Assim, resgatamos a praticidade dos antigos comediantes mambembes, que
percorriam cidades e feiras levando seu teatro a todos os lugares”,
explica.
CAETANA também leva
ao palco o diálogo entre atrizes e bonecos, sempre dublados por Fabiana Pirro,
que encarna, além da própria CAETANA em carne e osso, papéis complementares à
trama. São esculturas volumétricas, utilizando materiais reciclados e
alternativos, misturados com elementos puros da tecelagem usada no interior do
Nordeste por artesãos e bordadeiras. O bêbado, que aparece num divertido diálogo
com a velha encomendadora de almas Benta – personagem de Lívia Falcão – é
representado por um cabo de vassoura na mão de Fabiana, relembrando uma
brincadeira de infância comum no interior.
Espanhol, nascido em Vigo, ao longo de 30 anos de carreira o
encenador Moncho Rodriguez
desenvolveu vários projetos de pesquisa no teatro do mundo ibérico em Portugal,
na Espanha e no Brasil. Dirigiu importantes companhias de teatro oficiais e
independentes e foi formador de muitos jovens atores que hoje atuam no cenário
do teatro ibérico nos três países. Nos últimos 15 anos tem se dedicado ao estudo
e pesquisa da dramaturgia ibérica no Nordeste do Brasil, promovendo e criando
espetáculos com outros dramaturgos nordestinos como Lourdes Ramalho (PB),
Ronaldo de Brito (PE), Racine Santos (RN), Aglaé Fontes de Alencar (SE), Oswald
Barroso (CE).
Entre os principais projetos de intercâmbio entre a península
ibérica e o Brasil destaca-se o projeto Cumplicidades, do qual foi idealizador e
coordenador na primeira jornada. Financiado pela Comunidade Europeia, realizou
ainda projetos como o Universo do Cordel, com jovens atores de Portugal,
Uruguai, Espanha e Brasil. Promoveu circuitos de descentralização teatral na
Espanha e Portugal e dirigiu no Vale do Ave, em Portugal, a Oficina – Centro de
Artes e Mestres Tradicionais, com a participação de mais de 400 jovens
integrados em programas de re-inserção social.
Quem são os
personagens de CAETANA segundo o diretor Moncho
Rodriguez:
Benta –
interpretada por Lívia Falcão.
“É uma
encomendadora de almas. Representa a mãe coragem, o espírito nordestino daqueles
que tentam sobreviver”.
CAETANA –
interpretada por Fabiana Pirro.
“É a morte
presente em nosso imaginário lúdico. A tragédia transformada em
riso”.
Ninguém –
boneco inspirado nos cabeçudos populares.
“É o homem
simples do povo. O moleque-de-recado, sem alternativas de profissão. É visto
como louco, porque só loucos conseguem sobreviver
assim”.
Epifânio –
boneco inspirado nos trabalhos do Mestre Saúba, de Carpina, andando sempre bambo
sobre uma bicicletinha.
“É o político
corno. Representa toda a minha raiva do egoísmo do
poder”.
Rita Tabaqueira
– boneco inspirado num tipo de marionete utilizado numa ópera em Lisboa.
Escultura com meio corpo próprio e que utiliza parte do corpo do
ator.
“É a mulher
reprimida pela Igreja e pela família do Sertão, desvendando o desejo
feminino”.
Tonho da Braúna
– boneco construído sobre um cabo de vassoura.
“É o bêbado e
poeta. Representa o romântico, que transforma tudo numa brincadeira. Uma
homenagem aos poetas populares. Tonho já ganhou inclusive um papel no meu
próximo espetáculo”.
Dioclécio –
boneco inspirado nos mamulengos.
“Faz parte do
universo dos excluídos e é exatamente dele que vem a consciência do humano. É um
homossexual, sensível e prestativo e termina emprestando à Benta a consciência
do que é viver sem a “chave da vida”.
O Anunciador –
interpretado por Fabiana Pirro.
“É muito
parecido comigo”.
Fonte: DUAS COMPANHIAS / CENTRO CULTURAL CORREIOS
SILVINHA GÓES .
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