domingo, 22 de janeiro de 2012

Dia 27, no Barreto Júnior, será a vez de CAETANA


A comédia teatral CAETANA, com Lívia Falcão e Fabiana Pirro, que estreou em julho de 2004 e passou três anos e meio seguidos em cartaz e depois com apresentações esporádicas ao redor do mundo, reunindo mais 50 mil espectadores, volta ao palco no próximo dia 27, às 20h30, no Barreto Júnior, na programação do Festival Janeiro de Grandes Espetáculos.
“Para mim CAETANA é sempre um desafio. Benta é a personagem que mais exige da atriz Lívia, em tudo, voz, corpo, interpretação. É o meu 100%.”, desabafa Lívia Falcão, que encarna a divertida rezadeira Benta, arrancando risos e lágrimas da platéia por onde passa.
CAETANA - Tomando como base a pesquisa desenvolvida pelo encenador Moncho Rodriguez na procura de novas linguagens para um teatro de identidade nordestina, a peça trata do tema da moça CAETANA, inspiração armorialista utilizada pelo dramaturgo Ariano Suassuna em suas obras e poemas.
CAETANA é a identidade da morte, aqui interpretada por Fabiana Pirro. Lívia Falcão “encarna” Benta, uma rezadeira “encomendadora” de almas que, após indicar o caminho do além a tantas outras, vê-se diante do seu próprio encontro com a CAETANA. As almas anteriormente encomendadas por Benta reaparecem para um divertido encontro em forma de bonecos, articulados e dublados por Fabiana.
Em 2005, Lívia Falcão e Fabiana Pirro receberam o Prêmio APACEPE de melhor atriz e atriz coadjuvante, respectivamente, no próprio “Janeiro de Grandes Espetáculos”. O prêmio também foi conferido às categorias figurino, maquiagem, produção e ainda o Especial do Júri em Dramaturgia para o encenador Moncho Rodriguez e o poeta Weydson Barros Leal. O espetáculo também foi indicado ao Prêmio Shell, o mais importante do teatro nacional, em três categorias: melhor atriz (Lívia Falcão), melhor texto (Weydson Barros Leal e Moncho Rodriguez) e melhor trilha sonora (Narciso Fernandes).
“A encenação resgata elementos do teatro das tradições populares e os transforma em linguagens renovadas de contemporaneidade. Um teatro de celebração, de encantamento e diversão”, destaca Moncho Rodriguez. CAETANA aparece de forma poética, com muita música e celebrações presentes no imaginário popular do Nordeste.
A morte passa pelo memorial do imaginário nordestino deixando um rastro de histórias, mistérios, encantamentos e assombrações que despertam a curiosidade num universo de fábulas e crendices que terminaram se tornando íntimos do povo.
O circo, o desaparecimento, os desafios do amor e da vida, as diferentes formas de aparições dessa CAETANA estão presentes no espetáculo, escrito a quatro mãos por Moncho Rodriguez e pelo poeta Weydson Barros Leal, que marcou com CAETANA a sua estreia na dramaturgia teatral.
De acordo com Moncho Rodriguez, que também assina a cenografia e o figurino, a cenografia do espetáculo propõe a autonomia de mobilidade levando a cena completa para qualquer lugar onde possa se realizar. Trata-se de uma “máquina teatral” circense, onde já se incrusta a própria iluminação, o som, os efeitos visuais. “Assim, resgatamos a praticidade dos antigos comediantes mambembes, que percorriam cidades e feiras levando seu teatro a todos os lugares”, explica.
CAETANA também leva ao palco o diálogo entre atrizes e bonecos, sempre manipulados por Fabiana Pirro, que encarna, além da própria CAETANA em carne e osso, papéis complementares à trama. São esculturas volumétricas, utilizando materiais reciclados e alternativos, misturados com elementos puros da tecelagem usada no interior do Nordeste por artesãos e bordadeiras. O bêbado, que aparece num divertido diálogo com a velha encomendadora de almas Benta – personagem de Lívia Falcão – é representado por um cabo de vassoura na mão de Fabiana, relembrando uma brincadeira de infância comum no interior.
Espanhol, nascido em Vigo, ao longo de 30 anos de carreira o encenador Moncho Rodriguez desenvolveu vários projetos de pesquisa no teatro do mundo ibérico em Portugal, na Espanha e no Brasil. Dirigiu importantes companhias de teatro oficiais e independentes e foi formador de muitos jovens atores que hoje atuam no cenário do teatro ibérico nos três países. Nos últimos 15 anos tem se dedicado ao estudo e pesquisa da dramaturgia ibérica no Nordeste do Brasil, promovendo e criando espetáculos com outros dramaturgos nordestinos como Lourdes Ramalho (PB), Ronaldo de Brito (PE), Racine Santos (RN), Aglaé Fontes de Alencar (SE), Oswald Barroso (CE).
Quem são os personagens de CAETANA segundo o diretor Moncho Rodriguez:
Benta – interpretada por Lívia Falcão.
“É uma encomendadora de almas. Representa a mãe coragem, o espírito nordestino daqueles que tentam sobreviver”.
CAETANA – interpretada por Fabiana Pirro.
“É a morte presente em nosso imaginário lúdico. A tragédia transformada em riso”.
Ninguém – boneco inspirado nos cabeçudos populares.
“É o homem simples do povo. O moleque-de-recado, sem alternativas de profissão. É visto como louco, porque só loucos conseguem sobreviver assim”.
Epifânio – boneco inspirado nos trabalhos do Mestre Saúba, de Carpina, andando sempre bambo sobre uma bicicletinha.
“É o político corno. Representa toda a minha raiva do egoísmo do poder”.
Rita Tabaqueira – boneco inspirado num tipo de marionete utilizado numa ópera em Lisboa. Escultura com meio corpo próprio e que utiliza parte do corpo do ator.
“É a mulher reprimida pela Igreja e pela família do Sertão, desvendando o desejo feminino”.
Tonho da Braúna – boneco construído sobre um cabo de vassoura.
“É o bêbado e poeta. Representa o romântico, que transforma tudo numa brincadeira. Uma homenagem aos poetas populares. Tonho já ganhou inclusive um papel no meu próximo espetáculo”.
Dioclécio – boneco inspirado nos mamulengos.
“Faz parte do universo dos excluídos e é exatamente dele que vem a consciência do humano. É um homossexual, sensível e prestativo e termina emprestando à Benta a consciência do que é viver sem a “chave da vida”.
O Anunciador – interpretado por Fabiana Pirro.
“É muito parecido comigo”.

Fonte: Silvinha Góes/Duas Companhias

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