"O Avarento" foi imortalizado por Paulo Autran no Brasil
Avareza: apego excessivo às riquezas; mesquinhez, sovinice. Avarento: excessivamente apegado ao dinheiro, sovina. O dicionário oferece as definições exatas do pecado e do pecador. Mas a metáfora do segundo na lista dos sete pecados capitaistalvez nunca tenha sido tão bem retratada, especificamente no teatro, do que pelo dramaturgo francês Molière (1622-1673).
Conhecido por abordar temas religiosos e cotidianos, misturando dramas à visão satírica dos hábitos da sociedade francesa do século 17, em “O Avarento” (L’Avare, de 1668), o autor cria o protagonista Harpagon, um velho mão-de-vaca que carrega os filhos para a sua mesquinharia e desconfia da lealdade de todos. Por trás das passagens cômicas fica a farsa hilariante, ambígua, revelando as fragilidades humanas.
Harpagon não descansa com medo de ser roubado, pois guarda todo seu dinheiro em casa, e na vigília para que os filhos não casem com alguém sem dotes. O apego material traz a tona o que Goethe definiu como peça trágica. Viúvo, o personagem é solitário, mal-humorado, infeliz.
Em um trecho do texto, seu filho Cleanto resume a crítica ao comportamento do avarento. “Do que nos adianta a fortuna se ela só virá às nossas mãos no momento em que não poderemos gozar de seus benefícios?!…”. A história segue pelo drama dos filhos que se apaixonam, justamente, por dois jovens de família modesta e esperam a aprovação do pai para futuros casamentos.
O ator Paulo Autran na montagem de 2006
IMORTAL
Dentre as inúmeras montagens do espetáculo, a mais memorável é a protagonizada por Paulo Autran (1922 – 2007), que ficou em cartaz por alguns meses no antigo Teatro Cultura Artística, em 2006. Sob a direção de Felipe Hirsch – já em parceria com Daniela Thomas –, o ator aproximara-se novamente de um texto clássico.
Pela quarta vez Autran trabalhava com peças de Molière. Desde a estreia como profissional no Teatro Brasileiro de Comédia, em 1949, havia interpretado "O Burguês Fidalgo" e "As Sabichonas", nos anos 60; e "Tartufo", nos anos 80.
Levando-se em conta os 84 anos de idade do protagonista, na época, a direção de Hirsch poupava grandes movimentos do ator. O cenário era composto por caixas de papelão de onde saiam os outros integrantes do elenco. Infelizmente, foi durante a temporada do espetáculo que Paulo Autran sentiu-se mal, e nunca mais voltou a pisar em um palco.
CLÁSSICO SEMPRE CLÁSSICO
Se o texto de Molière ainda ganha constantes versões. No Festival de Curitiba 2010, com início em 16 de março, a peça será apresentada sob direção de Reikrauss Benemond e grande elenco. Apesar de ter quatro séculos de existência, “O Avarento” nunca deixará de ser atual, já que sovinas e inescrupulosos continuarão a rondar nossas vidas. Como Paulo Autran bem disse em entrevista à "Folha de S. Paulo", "num certo sentido, Harpagon se parece muito com alguns políticos que a gente conhece".
Conhecido por abordar temas religiosos e cotidianos, misturando dramas à visão satírica dos hábitos da sociedade francesa do século 17, em “O Avarento” (L’Avare, de 1668), o autor cria o protagonista Harpagon, um velho mão-de-vaca que carrega os filhos para a sua mesquinharia e desconfia da lealdade de todos. Por trás das passagens cômicas fica a farsa hilariante, ambígua, revelando as fragilidades humanas.
Harpagon não descansa com medo de ser roubado, pois guarda todo seu dinheiro em casa, e na vigília para que os filhos não casem com alguém sem dotes. O apego material traz a tona o que Goethe definiu como peça trágica. Viúvo, o personagem é solitário, mal-humorado, infeliz.
Em um trecho do texto, seu filho Cleanto resume a crítica ao comportamento do avarento. “Do que nos adianta a fortuna se ela só virá às nossas mãos no momento em que não poderemos gozar de seus benefícios?!…”. A história segue pelo drama dos filhos que se apaixonam, justamente, por dois jovens de família modesta e esperam a aprovação do pai para futuros casamentos.
Dentre as inúmeras montagens do espetáculo, a mais memorável é a protagonizada por Paulo Autran (1922 – 2007), que ficou em cartaz por alguns meses no antigo Teatro Cultura Artística, em 2006. Sob a direção de Felipe Hirsch – já em parceria com Daniela Thomas –, o ator aproximara-se novamente de um texto clássico.
Pela quarta vez Autran trabalhava com peças de Molière. Desde a estreia como profissional no Teatro Brasileiro de Comédia, em 1949, havia interpretado "O Burguês Fidalgo" e "As Sabichonas", nos anos 60; e "Tartufo", nos anos 80.
Levando-se em conta os 84 anos de idade do protagonista, na época, a direção de Hirsch poupava grandes movimentos do ator. O cenário era composto por caixas de papelão de onde saiam os outros integrantes do elenco. Infelizmente, foi durante a temporada do espetáculo que Paulo Autran sentiu-se mal, e nunca mais voltou a pisar em um palco.
CLÁSSICO SEMPRE CLÁSSICO
Se o texto de Molière ainda ganha constantes versões. No Festival de Curitiba 2010, com início em 16 de março, a peça será apresentada sob direção de Reikrauss Benemond e grande elenco. Apesar de ter quatro séculos de existência, “O Avarento” nunca deixará de ser atual, já que sovinas e inescrupulosos continuarão a rondar nossas vidas. Como Paulo Autran bem disse em entrevista à "Folha de S. Paulo", "num certo sentido, Harpagon se parece muito com alguns políticos que a gente conhece".
Fonte: Colherada Cultural (www.colheradacultural.com.br).
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