Depois de mais de um ano de preparação, incluindo a realização de dois ensaios abertos no último mês de maio, na programação do Palco Giratório, onde o público interagiu com as artistas, tecendo comentários e colaborando também com o processo de criação, o espetáculo teatral Divinas, nova produção da Duas Companhias, entra em cartaz com a sua primeira temporada, a partir deste sábado, 01 de outubro, no Teatro Barreto Júnior. A peça tem música ao vivo comandada pelo percussionista Luca Teixeira e trilha sonora assinada por Beto Lemos. No palco estarão Lívia Falcão, Fabiana Pirro e Odília Nunes, que se transformam nas palhaças Zanoia, Uruba e Bandeira. A preparação das atrizes na arte da palhaçaria para encarar o novo espetáculo foi feita pela palhaça e atriz Adelvane Néia, de Campinas. Fazem parte da equipe de dramaturgia o professor, filósofo e poeta Marcelo Pelizzoli, o escritor e poeta Samarone Lima e a jornalista, poeta e dançarina Silvia Góes.
A peça poderá ser vista durante três finais de semana: nos dias 01 e 02 (sábado e domingo); 07, 08 e 09 (sexta, sábado e domingo) ou nos dias 14, 15 e 16 (sexta, sábado e domingo), sempre às 20h, no Barreto Júnior. Ingressos por R$ 20,00 e R$ 10,00.
O trabalho de pesquisa para a encenação de Divinas começou em 2010, com a orientação de dramaturgia e direção do espanhol Moncho Rodriguez, que passou quinze dias no Recife num programa de imersão com a equipe e com a participação de Lívia Falcão, Fabiana Pirro e Luciano Pontes como atores-pesquisadores. Depois dos primeiros estudos e ensaios abertos, outros projetos da Duas Companhias foram a razão de um intervalo no trabalho. O retorno efetivo do processo se deu em abril de 2011 e para dar continuidade ao projeto, a Duas Companhias convidou a atriz Odília Nunes para dividir o palco com Lívia e Fabiana. A palhaça Adelvane Néia, de Campinas (SP), foi chamada para conduzir os improvisos e preparar as três palhaças em cena. O professor, filósofo e poeta Marcelo Pelizzoli, o escritor e poeta Samarone Lima e a jornalista, poeta e dançarina Silvia Góes, foram convidados para assinarem juntos a dramaturgia desta segunda fase de montagem da peça.
Desde o princípio a interação entre os artistas e o público guiou o projeto e já em 2010 foram realizados alguns ensaios abertos no Centro Apolo Hermilo. O convite para o Palco Giratório com a demonstração do processo na última fase de lapidação do espetáculo foi uma nova oportunidade de dialogar com o público e estudar as reações ao que vinha sendo proposto em cena. A recepção foi congratulante e muitos elementos foram mantidos, mas há várias novidades no texto e na performance das palhaças que só serão conhecidas nesta primeira temporada.
Divinas é uma celebração e apresenta em clima de brincadeira e poesia três figuras contadoras de histórias, na pele das palhaças Uruba (Fabiana Pirro), Bandeira (Odília Nunes) e Zanoia (Lívia Falcão), atravessando tempos e geografias diversas numa caminhada sobre a delicadeza e a força na busca dos sonhos. Tudo em diálogo com a música, a poesia popular, os bonecos e a arte do palhaço. A peça foi pensada para ser livre e poder ser encenada em qualquer espaço, no palco, nas praças, nas ruas, onde for.
O trabalho em conjunto transforma o grupo num grande amálgama de criatividade. A partir das improvisações das três palhaças, os dramaturgos se inspiraram na elaboração do texto, que foi levado de volta às palhaças e novamente trabalhado junto com as figuras. Na construção, Adelvane Néia foi conduzindo como uma maestra os sons da orquestra. A opção pela presença em cena e ao vivo do percussionista Luca Teixeira em diálogo com os atrapalhamentos e poesias das três palhaças foi testada durante os ensaios abertos e afinada para a nova temporada. Luca Teixeira acaba de voltar de Portugal, onde esteve para um período de oficina e troca de experiências com o grupo mantido por Moncho Rodriguez na Europa.
Entre os principais projetos de intercâmbio entre a península ibérica e o Brasil proporcionados por Moncho destaca-se o projeto Cumplicidades, do qual foi idealizador e coordenador na primeira jornada. Financiado pela Comunidade Européia, realizou ainda projetos como o Universo do Cordel, com jovens atores de Portugal, Uruguai, Espanha e Brasil. Promoveu circuitos de descentralização teatral na Espanha e Portugal e dirigiu no Vale do Ave, em Portugal, a Oficina – Centro de Artes e Mestres Tradicionais, com a participação de mais de 400 jovens integrados em programas de re-inserção social.
Divinas dá continuidade ao movimento em busca de um corpo de mulher no universo do clown, criando uma linguagem própria da palhaça. A integração de Adelvane Néia ao trabalho de pesquisa de Divinas se deu a partir de novembro de 2010, quando, a convite da Duas Companhias, veio ministrar as aulas do projeto “Formação de Mulheres Palhaças em Pernambuco”, com a participação de quinze mulheres.
A clown e atriz Adelvane Néia nasceu no Paraná e se iniciou na arte do palhaço com Luís Otávio Burnier, no Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas Teatrais - Lume/Unicamp (1989). Palhaça reconhecida no teatro brasileiro e também internacionalmente, com mais de 20 anos de carreira.
Fonte: Silvinha Góes/ Duas Companhias.