Sobre um Paroquiano cai mais uma vez na estrada
e leva a dança de Hermilo Borba Filho a Vicência, Surubim e Belo Jardim
O espetáculo também será apresentado no Recife dentro da programação do Festival Internacional de Dança, no próximo dia 28 de outubro, no Teatro Hermilo Borba Filho
O espetáculo de dança Sobre um Paroquiano, inspirado no texto Um Paroquiano Inevitável, de Hermilo Borba Filho, pega a estrada mais uma vez para dar continuidade ao projeto de circulação estadual pelo interior pernambucano, aprovado pelo FUNCULTURA no ano passado. Serão apresentações e oficinas gratuitas abertas ao público de Vicência, Surubim e Belo Jardim.
A caminhada começa por Surubim, nesta quarta (23), com a oficina de dança contemporânea, que será ministrada pela bailarina Patrícia Costa, das 9h às 12h, na sala de dança do Colégio Marista, enquanto no auditório do Colégio Marista, o coreógrafo Raimundo Branco e o bailarino Gervásio Braz coordenam a oficina “Jogos Teatrais e a Dança do Cotidiano”. São 20 vagas para cada uma e as inscrições são gratuitas. Na cidade as ações têm o apoio do Colégio Marista e Cia Solus de Dança. No mesmo dia, a outra parte do elenco estará em Vicência com a oficina de frevo, das 14h às 17h e das 19h às 22h, ministrada pela bailarina Marcela Aragão. As inscrições também são gratuitas e há 20 vagas disponíveis. As ações acontecem em parceria com a Secretaria de Cultura e o Grupo de Dança Tropeiros de Vicência. A apresentação em Vicência acontece na quinta (24), às 11h e no mesmo dia, às 17h, no auditório do Colégio Marista de Surubim.
Na segunda, dia 28 de outubro, há um intervalo nas viagens do projeto de circulação pelo interior e Sobre um Paroquiano estará em cartaz no Teatro Hermilo Borba Filho, na capital pernambucana, dentro da programação do Festival Internacional de Dança do Recife, às 19h.
Dia 01 de novembro o elenco volta à estrada com destino a Belo Jardim, para participar da Mostra de Artes do SESC LER de Belo Jardim. Lá acontecem as oficinas de frevo com Marcela Aragão e “Brincadeira de Palhaço” com Gervásio Braz, ambas no SESC LER, das 9h às 12h, com 30 vagas cada uma. Das 14h às 17h, Raimundo Branco ministra também no SESC LER a oficina “dança e Improvisação”, com 30 vagas. A apresentação em Belo Jardim acontece às 20h.
O projeto de circulação do espetáculo Sobre um Paroquiano já percorreu ao longo deste ano as cidades de Triunfo, Serra Talhada, Buíque, Goiana, entre outras. A montagem conta com os bailarinos Patrícia Costa, Gervásio Braz, Anderson Rafael, Marcela Aragão e Marcela Felipe, além da presença de Ana Carolina na sonoplastia, interagindo com os elementos da cena. A direção é de Raimundo Branco.
A obra do pernambucano Hermilo Borba Filho, sua linguagem amplamente atual e sempre inovadora e seu namoro apaixonado com a poesia da cultura popular vêm impulsionando as pesquisas artísticas da Compassos Cia. de Danças desde antes mesmo de sua fundação, quando o seu criador, Raimundo Branco, se deparou e assombrou-se eternamente com as palavras, personagens e cenários do dramaturgo pernambucano.
A aproximação da Compassos Cia de Danças com a obra de Hermilo Borba Filho se consolidou há pouco mais de cinco anos. Foi em 2007 que o espetáculo estreou, ainda chamado de Um Paroquiano Inevitável, ganhou vida, refez passos, agregou novos artistas e agora renasce em um novo percurso. Uma família, seus compassos e descompassos diante do absurdo da existência. A poesia agreste e sublime entranhada na convivência entre Mãe, Pai e os filhos Poeta, Atleta e Noivo. E a Noiva. E o misterioso Enéas. Em três almoços, um espetáculo nasce, uma vida se espelha, com seus desatinos e encontros. Corpo e voz no desnudamento de um cotidiano apinhado de encruzilhadas. Dança, teatro, cinema... artes e afetos desenhados sobre a mesa, repleta de gostos e cheiros, de vida e de morte.
“Mudamos o título pelo entendimento de que o espetáculo mostra aquilo que a companhia entende por Hermilo e sua obra e não uma transposição direta do texto de Borba Filho para a expressão dançada. Nesta versão, com 50 minutos de duração divididos em “três almoços”, o espetáculo acontece com o texto mais presente na boca dos atores-bailarinos e um amadurecimento do elenco”, destaca Raimundo Branco, que assina a direção e coreografia. Os bailarinos/atores dançam/interpretam os conflitos de uma família pequeno-burguesa. As relações são marcadas por desentendimentos.
A movimentação é baseada em ações cotidianas e comportamentos habituais dentro de uma casa, como sentar, deitar, andar, arrumar os ambientes, ir ao banheiro, estar num quarto, lavar as mãos e varrer a casa, aliados a técnicas de dança contemporânea e capoeira. Dessas ações aparentemente corriqueiras, varrer a casa ganha uma dimensão especial, pois, além de ser utilizada como um determinante para ações coreográficas, ainda interfere nos corpos dos bailarinos com uma sonoridade que ambienta o espetáculo. A preparação e conscientização técnica do elenco estão sob a responsabilidade de Carlos Ferreira (voz e movimento), Luiz Roberto (clássico), Fábio Costa (capoeira) e Raimundo Branco (Dança).
A concepção e confecção de figurinos são assinadas por Júlia Fontes e Suzi Queiroz, que fizeram um resgate das roupas entre as décadas de 30 e 60, do século passado. A iluminação, concebida por Eron Villar, traz para a cena a proposta de envelhecer o local, através da sobreposição de cores, como amarelo e verde e, em determinados momentos, é fundamental o jogo criado entre luz e sombras. A trilha sonora é composta em sua maioria por composições utilizadas no cinema e foi selecionada por Raimundo Branco, que também assina a cenografia. Aliás, o cenário está ligado ativamente à escrita e aos desenhos dançados. Em particular a mesa ao redor da qual acontece o desenrolar das relações tem papel fundamental na obra reescrita.
“Além da influência da dramaturgia Hermiliana, buscamos referências nos quadrinhos de Neil Gaiman, a partir da “família dos sete perpétuos”, constituída pelos personagens Desespero, Delírio, Morte, Destino, Sonho, Desejo e Destruição. Lars Von Trier também foi uma inspiração com os filmes Dogville, e Dançando no Escuro. O cinema e seus bastidores são uma grande referência na pesquisa da realização de um “cinema ao vivo”, como chamamos os espetáculos de dança e teatro criados a partir do estudo da linguagem cinematográfica”, diz Raimundo Branco.
O espetáculo foi criado para um palco ou espaço cênico em arena ou semiarena, por esta razão, todos os ângulos foram coreografados procurando explorar os possíveis focos de uma câmera de cinema. Com a intenção de oferecer ao espectador o direito de escolher o que deseja ver/assistir.
Sobre um Paroquiano é fruto da pesquisa que a companhia vem desenvolvendo ao longo dos últimos seis anos, em torno do que foi nomeado pela Compassos de dança do cotidiano. Aliada a técnicas de dança contemporânea, à capoeira e ao teatro, a movimentação é resultado das observações de gestos banais e ações aparentemente corriqueiras, como arrumar a casa, lavar as mãos e varrer o assoalho, recheados de memórias familiares, transformando comportamentos habituais em poesia dançada.
Ao dialogar com a Literatura como um elemento importante para a construção de trabalhos coreográficos, o projeto divulga também a obra de um grande artista pernambucano: Hermilo Borba Filho.
CONTATOS:
Raimundo Branco
Compassos Cia. de Danças
81-4101.1640 / 81-9212.9791
E-mail: cia.compassos@gmail.com
Fonte: Silvinha Góes/Compassos Cia de Danças.